18
anuário
2015
das Sociedades de Advogados
CRESCIMENTO TÍPICO DA ECONOMIA
As projecções do Banco de Portugal para a
evolução da economia portuguesa este ano,
apresentadas em Dezembro de 2014, talvez
não sejam as mais famosas, mas indiciam, ain-
da assim, uma tendência de crescimento, de-
pois do pendor anémico registado nos últimos
anos. Segundo o banco central, a economia
portuguesa crescerá 1,5% em 2015, exacta-
mente o mesmo valor previsto pelo Executivo
no Orçamento de Estado para este ano, mas
acima das previsões da Comissão Europeia
(1,3%) e do Fundo Monetário Internacional
(1,2%).
“Pese embora seja razoavelmente consensual
que a economia portuguesa deve continuar
a crescer, é sabido que tal crescimento será
pequeno, pelo que não devem ser criadas
expectativas
excessivamente
optimistas”,
alerta outro player do mercado da advocacia
de negócios. No entanto, sublinha ainda, “é
de esperar uma progressiva retoma no sector
das fusões e aquisições, uma consolidação
das internacionalizações e um crescimento no
‘outsourcing’ de direito comercial/societário,
que se viu afectado nos últimos anos pela crise
mundial”.
Há portanto a crença, como avança um dos
nossos interlocutores, de que “continuarão a
surgir oportunidades no mercado, e portanto
também para a prestação de serviços jurídi-
cos, associadas ao contínuo processo de desa-
lavancagem da economia e de reconfiguração
do tecido empresarial português”.
FOCO COLOCADO SOBRE OS CLIENTES
O foco tem assim de ser colocado nas activida-
des e oportunidades criadas por [ou em con-
junto com] clientes e em dar-lhes um serviço
de alto valor acrescentado. “Os problemas são
cada vez mais complexos e multidisciplinares
e o nosso compromisso é prestar aos clientes
o melhor apoio e enquadramento para as de-
cisões que têm de tomar diariamente nos seus
negócios”, sublinha outro advogado. Diversi-
ficar, investir no desenvolvimento de novos
serviços, procurar oportunidades de negócio
para clientes e, sobretudo, proporcionar-lhes
bons investimentos é sem dúvida o maior
desafio mas é também uma das garantias de
sucesso.
“No entanto, sem olhar para fora, os grandes
escritórios de advogados portugueses terão
dificuldade em sobreviver com as suas estru-
turas actuais”, é também argumentado por
um dos nossos interlocutores. Ou seja, face à
conjuntura interna, um dos propósitos per-
seguidos pelos escritórios de advogados será
o de continuar a apostar na componente de
exportação de serviços jurídicos. A expansão
da actividade para outros mercados, quer para
acompanhar clientes que façam essa aposta,
quer procurando abrir novas frentes de traba-
lho, está necessariamente sobre a mesa.
Em destaque, neste âmbito, surgem parti-
cularmente os países onde o português é a
língua oficial, nomeadamente Angola, Brasil e
Moçambique. “Os países de língua portuguesa
com economias emergentes constituem uma
janela de oportunidade para a internacionali-
zação das sociedades de advogados que não
pode ser ignorada, seguindo a movimentação
das grandes empresas portuguesas que apos-
tam cada vez mais na exportação de bens e
serviços”, argumenta um dos players do sector.
E não só nas geografias referidas. Tal como é
possível inferir dos indicadores de participa-
ção nesta 10.ª edição do In-Lex, a procura de
novos destinos é uma constante por parte dos
empresários portugueses e, por consequên-
cia, dos seus assessores jurídicos. As principais
sociedades de advogados que trabalham no
mercado português estão presentes ou têm
capacidade para se fazerem representar num
conjunto de 60 países espalhados pela Europa,
África, América, Ásia e Oceânia. Os mercados
internacionais continuarão a ser, por isso, um
importante foco estratégico para as socieda-
des de advogados em 2015.
“Os países de língua por-
tuguesa com economias
emergentes constituem
uma janela de oportuni-
dade para a internaciona-
lização das sociedades de
advogados que não pode
ser ignorada”