anuário
2013
das Sociedades de Advogados
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substituir, ao trabalho “core” das sociedades. O
nosso trabalho é complementar ao trabalho que
os advogados fazem. Não conseguimos produzir
trabalho semconteúdo e esse vemda actividade
“core”. A nossa actividade profissional depende
do trabalho que os advogados desenvolvem.
Nós ajudamo-los a divulgar e a promover. Con-
tribuímos para a sua reputação profissional,
recorrendo ao trabalho que cada um produz e
ao conhecimento que cada um tem.
MMC -
Costumo dizer muitas vezes, “não faço
omeletas sem ovos”. Se não disserem que fize-
ram, que participaram naquela operação, que
estudaram um determinado tema jurídico de
forma inovadora, nós não o sabemos, pelo que
não podemos fazer nada.
Mesmo nas sociedades que não se querem
expor, há espaço para os profissionais de
marketing?
MMC -
Mesmo as sociedades que não que-
rem expor-se tanto ou não investem tanto
numa política de “branding”, trabalham para
clientes. Logo aí, quer se queira quer não,
há uma comunicação diária. Mesmo que a
sociedade não queira investir tanto na co-
municação para a imprensa, há um trabalho
importante a desenvolver pelos profissionais
de marketing, já que estes podem fazer mui-
to pela relação sociedade/cliente através do
marketing relacional.
Outra das facetas da vossa actividade é a da
comunicação interna. Que importância lhe
atribui um profissional de marketing?
SJ -
Se a comunicação externa é uma coisa
muito importante, não o é menos a comu-
nicação interna em organizações de maior
dimensão e que têm, por exemplo, escritó-
rios associados espalhados pelo mundo in-
teiro. Ter ferramentas que de alguma forma
potenciem a colaboração e a proximidade
entre as várias pessoas é extremamente
importante.
Essa é uma preocupação que já existe nas
sociedades de advogados?
SJ -
É uma preocupação que começa a existir
nas sociedades e que de alguma forma não
pode ser ignorada. Já existe mais ou menos
dentro da cabeça dos sócios da esmagadora
maioria das grandes e médias sociedades.
Se o cliente externo é muito importante, o
cliente interno é tanto ou mais importante.
A comunicação interna é, neste momento, a
par e passo com a reputação externa, um dos
aspectos aos quais as sociedades começam a
dar importância.
De que forma é que os vossos “clientes in-
ternos”, os advogados, vêem a actividade
dos profissionais de outras áreas no seio da
sociedade?
MMC -
Diria que vêem com muito agrado.
Quer nós, quer os directores financeiros,
quer os directores de serviços informáticos
e tecnologias, existimos para permitir que os
advogados se concentrem o mais possível e
só naquilo que sabem e gostam de fazer, que
é advogar. Portanto, são serviços que com-
plementam a advocacia. Nas sociedades, não
é um advogado de forma indistinta que faz
fiscal ou laboral, são especialistas. Para os ad-
vogados, é um alívio saber que desde o papel
de carta, ao site, à organização de eventos,
à própria estruturação de propostas para
clientes, até aos estudos de mercado, tudo
são tarefas feitas por pessoas que os ajudam
e lhes dão suporte de uma forma profissional.
Isso, naturalmente, é visto como muito bons
olhos.
...
Que mais têm que prover as equipas de co-
municação e marketing numa sociedade de
advogados?
MMC -
Há um exemplo referido várias vezes.
O de uma grande sociedade internacional que
planeou uma mega campanha a nível mundial
e cujos responsáveis se esqueceram que num
dos países alvo, os Estados Unidos, onde ti-
nham 50% da actividade, o dia agendado para
o envio de um comunicado muito importante,
de um absoluto exclusivo, era um dia feriado.
Há pequenas coisas que têm que ver com o
dia-a-dia do negócio e que precisam de ser
acauteladas. São também essas pequenas
coisas que nós fazemos e que nos levam a ser
mais um elemento da equipa.
É um trabalho de complementaridade?
RPV -
A palavra complementar é muito impor-
tante. Não nos substituímos, nem queremos
Não nos substituímos, nem
queremos substituir, ao
trabalho“core”das socie-
dades. O nosso trabalho
é complementar ao tra-
balho que os advogados
fazem.
Rita Proença Varão
Há limitações deontoló-
gicas que a profissão de
advogado impõe, mas as
acções de marketing e de
comunicação que levamos
a cabo nas sociedades de
advogados têm inspira-
ção emtudo aquilo que é
feito a nível empresarial.
Sofia Justino