In-Lex 2014 - page 12

anuário
2014
das Sociedades de Advogados
12
Esse tem sido um dos motivos para a adopção
de soluções de ‘cloud computing’ por parte
dos advogados em prática individual, mas
que tem tido mais resistência por parte das
sociedades de advogados. Porquê? Rui Simões
explica: “Por motivos relacionados com os de-
veres de confidencialidade, já que os presta-
dores de serviços ‘cloud’ nem sempre prestam
garantias quanto à protecção da confidenciali-
dade da informação”.
Ricardo Negrão, membro fundador do grupo
IT4Legal, concorda com este argumento, mas
admite que os fornecedores deste tipo de ser-
viços têm razões, que se prendem com a ren-
dibilidade do seu próprio negócio, para não
estar particularmente despertos a encontrar
soluções que sirvam um pequeno mercado
como o português. Daí que eventuais ofer-
tas que existam sejam consideradas muito
onerosas.
Que fazer então? Ricardo Negrão lembra, a
título de exemplo, que, hoje em dia, todas as
sociedades de advogados têm um serviço de
correio electrónico. “Podiam juntar-se todas e
ter um serviço de ‘cloud’. Individualmente, o
serviço torna-se muito dispendioso. Mas se se
juntarem, já será diferente”, argumenta. Parte
da lógica de funcionamento do IT4Legal passa
também por aqui. Ou seja, por ir junto dos
fornecedores e alertar para a especificidade
que caracteriza este sector concreto.
GESTÃO DE PRIORIDADES
Há contudo outro tipo de problemas aos quais
os profissionais deTI têmde dar resposta numa
firma de advocacia.“Parece-me que a principal
dificuldade sentida pelos responsáveis de TI
no relacionamento com os advogados res-
peita, desde logo, à gestão de prioridades, na
medida em que estes, pressionados pelo dia-
-a-dia da actividade profissional e pelos prazos
judiciais ou de entrega de trabalho, tendem a
encarar todas as tarefas como urgentes, sem
estabelecer distinções”, observa Tiago Pinto
Ferreira.
A resistência à aprendizagem e à assimilação
das novas tecnologias é outra das dificuldades
sentidas, na opinião de Tiago Pinto Ferreira
explicável pela pouca formação em informá-
tica, principalmente entre os advogados mais
seniores. Em sentido inverso, sublinha ainda
este interlocutor, “existe igualmente alguma
dificuldade por parte dos responsáveis das
TI em persuadir as novas gerações de advo-
gados – dotadas já de um maior know-how
nesta área – a observar escrupulosamente as
regras e procedimentos em matéria de sigilo
da informação”.
...
membro do grupo IT4 Legal. Conforme evi-
dencia, “os deveres de sigilo dos advogados
são mais apertados do que os da generalida-
de das organizações”, daí que o trabalho nas
sociedades que agregam estes profissionais
se distinga pelos especiais requisitos neste
âmbito.
Mais, lembra Rui Simões, há também“a exigên-
cia de um rigor especial na gestão documen-
tal”, área em que as sociedades de advogados
têm de ser particularmente dotadas, para lidar
com volumes cada vez maiores de informação.
“A quantidade de papel produzida na advoca-
cia atinge proporções gigantescas, daí que as
TI tenham um contributo importante a dar
na digitalização, organização da informação
e gestão do conhecimento”, completa Tiago
Pinto Ferreira.
FACILITAR O DIFÍCIL
Facilitar a gestão documental é, assim, um dos
desafios que se colocam aos profissionais que
asseguram o trabalho de TI nestas organiza-
ções profissionais. Rui Simões considera que
os advogados são, tradicionalmente, “pouco
entusiastas quanto à adopção de novas tecno-
logias e enfrentam dificuldades na adaptação
às mesmas, e procuram habitualmente solu-
ções informáticas simples que lhes permitam
dar resposta aos clientes de forma rápida”.
“CABE AOS PROFISSIONAIS
DAS T.I. PROCURAR ENTENDER
E TRADUZIR EM RESULTADOS
AQUILO QUE LHES É EXPRESSO
PELOS ADVOGADOS ATRAVÉS
DA COMUNICAÇÃO DAS SUAS
NECESSIDADES.”
RUI VAZ
IT Manager
Membro do IT4Legal
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