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O Bom Nome 27-02-2020
Fotografia Entre as muitas citações famosas de Benjamin Franklin há uma que diz que “são necessárias muitas boas ações para construir uma boa reputação, mas apenas uma má para a perder”. Casos como o Luanda Leaks e as suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais no futebol português, que marcaram o arranque deste ano, equivalem a uma má ação. Legítimo ou não, o papel desempenhado por consultoras, auditoras e sociedades de advogados deixou um véu de suspeição.
Henry Kissinger, o antigo secretário de Estado norte-americano, cujo papel na história recente dos Estados Unidos e do mundo é no mínimo controverso, disse um dia que “90% dos políticos dão aos outros 10% uma má reputação”. Temos de acreditar - caso contrário o nosso sistema social deixa de fazer sentido - que há muito mais de 10% de políticos sérios, polícias sérios, juízes sérios, jornalistas sérios ou advogados sérios em Portugal. Temos de acreditar que os que não o são não passam de uma pequena minoria. Mas não tenhamos dúvidas de que a transgressão dessa pequena minoria prejudica de sobremaneira todos os outros.
A empresa de estudos de mercado GFK divulgou há um ano um estudo de opinião sobre a confiança dos portugueses nas várias profissões. Os bombeiros lideravam destacados com um índice de confiança de 94%, seguidos pelos médicos e professores, ambos com 83%. Os advogados aparecem muito mais para baixo na tabela, com um índice de apenas 47%. No fim estão os banqueiros (36%) - qualquer um pode testemunhar as marcas que o colapso do BES deixou em todos - e os políticos (18%).
A reputação não aparece no balanço de uma empresa, mas vai à demonstração de resultados. É um ativo intangível, mas tem um impacto bem real no negócio. A Boeing que o diga. Só à conta do escândalo do 737 Max estima perder 18 mil milhões de dólares. Se há indústria onde a reputação é um valor absoluto, é o da aviação. Mas o tema toca a todos e é determinante numa sociedade cada vez mais exigente e onde a informação circula de forma muito mais rápida.
O estudo da GFK mostra que as sociedades de advogados têm um longo caminho pela frente na construção de uma relação de maior confiança com os portugueses. O que obriga a não cometer erros – “são precisos 20 anos para construir uma reputação, mas bastam cinco minutos para a arruinar”, como diz Warren Buffett – cumprindo a deontologia da profissão e seguindo escrupulosamente regras de compliance na seleção dos clientes. Mas passa também por fazer pedagogia sobre o trabalho imprescindível e insubstituível dos advogados. ...In Anuário 2020
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