O ano arrancou, a nível interno, marcado por uma crise política e das instituições judiciais e, a nível externo, por duas guerras - na Ucrânia e no Médio Oriente. Por cá, o cenário que causa maior receio é a possibilidade de o País cair numa situação de ingovernabilidade. Lá fora, em primeiro lugar, estão as graves consequências humanitárias dos conflitos bélicos, e logo depois as interferências disruptivas na economia mundial. Há, contudo, vários atores do mercado da advocacia que acreditam na resiliência do setor. Consideram que as oportunidades existem e o nosso país, com todos os problemas que tem, continua a ser suficientemente atrativo em alguns setores relevantes.
“Com todas as convulsões que estão a ocorrer em Portugal e no mundo, as mesmas terão de ter impactos negativos na economia portuguesa e, consequentemente, no mercado da advocacia”, apontou, em declarações ao Negócios, um player deste setor. Em sua opinião, “ao contrário do que muitas vezes é dito, o mercado da prestação de serviços jurídicos não convive bem com situações de crise económica”. Na verdade, “se é certo que áreas de prática como o Contencioso, a Insolvência ou o Laboral podem beneficiar em situações de maior instabilidade económica, a verdade é que um crescimento económico reduzido ou inexistente tem habitualmente impactos negativos diretos nas áreas de societário, fusões e aquisições, imobiliário ou concorrência, as quais, como é sabido, têm um efeito determinante no mercado da prestação de serviços jurídicos”.
Um outro ator setorial enfatiza igualmente a conjuntura pouco positiva, ao lembrar que “infelizmente entrámos em 2024 com mais uma guerra, Israel versus Palestina”, enquanto no espetro interno, vivemos um período de instabilidade política de enorme falta de credibilidade dos nossos governantes e uma crescente e preocupante perceção de insegurança jurídica. ..In Anuário 2024
|