18
        
        
          anuário
        
        
          2019
        
        
          das Sociedades de Advogados
        
        
          
            ENTRE OS PROCESSOS MEDIÁTICOS
          
        
        
          
            E AS LUTAS DOS ATORES SETORIAIS
          
        
        
          JUSTIÇA 2019
        
        
          
        
        
          Megaprocessos de enorme impacto medi-
        
        
          ático marcam o ano de 2019 no setor da Justi-
        
        
          ça. Políticos, banqueiros e clubes desportivos
        
        
          estão no centro de alguns dos casos que mais
        
        
          tinta têm feito correr e que, ao longo deste
        
        
          ano, vão continuar a marcar a agenda.
        
        
          Já a nível político, com juízes, magistrados do
        
        
          Ministério Público e oficiais de justiça a discor-
        
        
          darem das propostas para a reforma dos res-
        
        
          petivos estatutos, o ano, que será marcado por
        
        
          eleições legislativas, promete não ser pacífico.
        
        
          Da Operação Marquês, passando pelos pro-
        
        
          cessos que envolvem o colapso do universo
        
        
          Espírito Santo e o caso roubo de armas em
        
        
          Tancos até ao e-Toupeira, que envolve a SAD
        
        
          do Benfica, ou a invasão da Academia Sporting
        
        
          de Alcochete, muito estará em jogo, neste
        
        
          período em que a procuradora-geral da Repú-
        
        
          blica, Lucília Gago, cumprirá um primeiro ano
        
        
          de mandato carregado de desafios à frente do
        
        
          Ministério Público.
        
        
          Até final do ano, sobre o mais mediático dos
        
        
          casos, a Operação Marquês, que envolve um
        
        
          ex-primeiro-ministro, José Sócrates, o seu
        
        
          amigo e empresário Carlos Santos Silva, o
        
        
          ex-ministro Armando Vara, o banqueiro Ricar-
        
        
          do Salgado ou ex-gestores como Zeinal Bava e
        
        
          Henrique Granadeiro, deverá ficar a saber-se se
        
        
          os 28 arguidos irão ou não ser julgados.
        
        
          Nasmãos do juiz IvoRosa, responsável pela fase
        
        
          de instrução, estará a decisão, mas também o
        
        
          fardo pesado de analisar mais de 50 mil pági-
        
        
          nas e 13,5 milhões de ficheiros informáticos.
        
        
          No plano da criminalidade económica, o caso
        
        
          que levou à queda do maior banco privado
        
        
          português, o BES, bem como do universo em-
        
        
          presarial associado à família Espírito Santo, vai
        
        
          continuar a ser alvo de investigação em 2019.
        
        
          Trata-se de um processo ainda sem fim à vista.
        
        
          
            POLÍTICA DE JUSTIÇA
          
        
        
          Num ano em que o setor da Justiça conta
        
        
          com um orçamento reforçado, no total 1469
        
        
          milhões de euros, mais 85 milhões de euros
        
        
          comparativamente a 2018, a responsável po-
        
        
          lítica pela tutela, Francisca Van Dunem, está
        
        
          também sujeita a alguns desafios, nomeada-
        
        
          mente a longa greve parcial prometida pela
        
        
          Associação Sindical dos Juízes. Mas também
        
        
          a reforma dos estatutos dos magistrados do
        
        
          Ministério Público e dos funcionários judiciais
        
        
          ou as greves dos guardas prisionais prometem
        
        
          continuar a desencadear desentendimentos.
        
        
          Refira-se que os 1469 milhões de euros orça-
        
        
          mentados para a Justiça em 2019 são financia-
        
        
          dos em cerca de 43% por receitas gerais, sendo
        
        
          56% suportados por receitas do próprio siste-
        
        
          ma e 1% por verbas provenientes de fundos
        
        
          comunitários.
        
        
          Uma importante fatia do orçamento do Minis-
        
        
          tério da Justiça estará afeta ao funcionamento
        
        
          do próprio (91,8 milhões de euros. Outros mon-
        
        
          tantes de peso serão distribuídos pelo Instituto
        
        
          de Gestão Financeira e Equipamentos de Jus-
        
        
          tiça (69,4 milhões de euros), Direção-geral de
        
        
          Reinserção e Serviços Prisionais (17,6 milhões
        
        
          de euros), Direção-geral da Administração da
        
        
          Justiça (mais de 10milhões de euros) e Instituto
        
        
          de Registos e Notariado (7,2 milhões de euros).
        
        
          Para a ministra Francisca Van Dunem, apesar
        
        
          do reforço orçamental que conseguiu, as dores
        
        
          de cabeça prometem continuar, tal como suce-
        
        
          deu em 2018, também à custa da contestação
        
        
          que juízes e magistrados do Ministério Público
        
        
          vão continuar a fazer às propostas de reforma
        
        
          dos respetivos estatutos.