In-Lex 2019 - page 8

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anuário
2019
das Sociedades de Advogados
diferentes, para se tornarem profissionais mais
versáteis e completos”.
MAIS DO QUE UMA EXPERIÊNCIA
PROFISSIONAL
Manuel Ximenes, presidente da Associação
Académica de Direito da Universidade Católi-
ca de Lisboa, recorre à experiência que recolhe
dos seus contatos diários na faculdade onde
estuda. “Aquilo que vejo muito nos meus co-
legas que já concluíram a licenciatura é que
de facto a pressa para começar logo a traba-
lhar não é tanta como esperaria. Sinto que
muitos alunos preferem ter mais do que uma
experiência profissional antes de decidirem,
com certezas, aquilo que querem fazer”. Além
disso, sublinha, muitos optam por completar a
formação académica fora do País.
O jovem estudante diz não acreditar que os
entraves à entrada na profissão sejam aquilo
...
„„
São as chamadas gerações “millennial” e
“centennial”, onde se incluem aqueles que há
poucos anos entraram ou os que estão a che-
gar ao mercado de trabalho. São as mesmas
gerações de quem se diz que não querem um
“emprego para vida”. Antes de tudo, querem
conhecer outras realidades, viajar e ter acesso
a diferentes experiências profissionais, mes-
mo que não relacionadas com as áreas da
sua formação académica. É mesmo isso que
querem ou, no caso concreto dos jovens que
se formam em Direito e quem ser advogados,
são os entraves às saídas profissionais que os
levam a assumir outras opções? Mais do que
as dificuldades em aceder a um emprego, o
que existe é uma novo paradigma, porque o
“drive” das novas gerações não é a carreira e,
nalguns casos, nem mesmo o dinheiro.
Ana Rita Duarte de Campos, presidente do Ins-
tituto de Apoio aos Jovens Advogados (IAJA) e
membro do Conselho Geral da Ordem dos Ad-
vogados (OA), considera que, face às gerações
anteriores, os jovens não consideram atrativa
uma carreira que os leve até ao topo das or-
ganizações onde se inserem.“Encaram essa hi-
pótese como uma enorme dor de cabeça, uma
pressão insuportável. Tal não quer dizer que
não trabalhem várias horas e que não sejam
extraordinários profissionais. Não querem é
viver em função da ideia de que chegaram ao
topo e que têm a melhor casa e o melhor carro
ou que são as pessoas mais bem-sucedidas da
sua família. Isso para eles é relativo”, considera.
O presidente da Associação Nacional de Jo-
vens Advogados Portugueses (ANJAP), Filipe
Bismark, acredita que “poucos jovens advoga-
dos queiram um ‘emprego para a vida’”, “pois
olham para o mercado de trabalho e sabem
que é benéfico terem várias experiências
laborais, em áreas e conceitos de trabalho
O“DRIVE”DAS NOVAS GERAÇÕES
NÃO É A CARREIRA NEMO DINHEIRO
FUTURO DA ADVOCACIA
os jovens não consideram
atrativa uma carreira
que os leve até ao topo
das organizações onde
se inserem. “Encaram
essa hipótese como uma
enorme dor de cabeça, Tal
não quer dizer que não
trabalhem várias horas e
que não sejam extraordi-
nários profissionais.”
Ana Rita Duarte de Campos, Pre-
sidente do Instituto de Apoio aos
Jovens Advogados (IAJA)
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