In-Lex 2019 - page 10

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anuário
2019
das Sociedades de Advogados
desta diversidade e da sua importância e que
nos mantenhamos unidos na defesa da pro-
fissão e na deontologia que a todos se aplica”,
sublinha o presidente da Associação Nacional
dos Jovens Advogados Portugueses (ANJAP).
Já o dirigente associativo Manuel Ximenez
considera que fora de Lisboa e do Porto, no in-
terior de Portugal, a oferta de emprego não é
tão boa. “Lisboa e Porto são sem dúvida onde
há o melhor mercado para um jovem advoga-
do”, sublinha.
A presidente do IAJA reconhece os problemas
com que se defronta um advogado no interior
do País, em início de carreira, em que a maioria
das pessoas consegue ter um advogado ape-
nas através do sistema de acesso ao Direito.
“Colocando de parte Porto, Lisboa, Coimbra
ou Braga, o resto do país é uma variável muito
à parte e sempre foi, mais agora com o acrés-
cimo desta geração ter outras perspetivas de
vida”, enfatiza Ana Rita Duarte de Campos.
A mesma responsável sublinha que as difi-
culdades existentes resultam em muito do
mercado da advocacia em Portugal. “É um
mercado muito pequeno, muito desigual e
fora das grandes cidades é muito complicado
ser advogado”, conclui.
que faz as novas gerações optar por viajar e
experimentar várias saídas profissionais, “até
porque que a maioria dos alunos já sabe que
vai ter de enfrentar os mesmo [problemas] ao
optar pelo curso de Direito”, frisa.
Ana Rita Duarte de Campos partilha a mesma
perspetiva. Sustenta, aliás, que as novas gera-
ções querem dedicar-se a algo de onde reti-
rem significado. “Querem mudar de país, que-
rem fazer outro curso, querem viajar e querem
até sair da profissão”. Segundo esta dirigente
da OA, numa análise comparativa feita nos
últimos cinco anos entre o número de advoga-
dos que fizeram o estágio e se inscreveram na
Ordem, desde o ano de 2013 e até dezembro
de 2018, em média, 19 a 20% saíram.
SÉRIOS PROBLEMAS PARA O FUTURO
Para a presidente do IAJA, esta é uma reali-
dade que coloca sérios problemas ao futuro
dos escritórios. “As sociedades de advogados
constituem-se para estar cá daqui a 50 anos
com a mesma cultura. Se aquilo que foi con-
tínuo desde os ‘baby boomers’ [e para a ge-
ração que antecede os ‘millenials’] começa a
abanar, quando chegar a geração seguinte a
situação complica-se ainda mais, porque os
escritórios precisam de se renovar”, Ana Rita
Duarte de Campos.
As remunerações que os mais jovens auferem
será uma razão para as escolhas que fazem?
A presidente do IAJA refuta esta ideia. “Pelo
menos em Lisboa, os vencimentos estão rela-
tivamente estabilizados nos últimos anos. Es-
tamos a falar de pessoas que entram no mer-
cado de trabalho, que são os melhores alunos,
pessoas que saem das melhores faculdades e
que vão para escritórios de advogados com
maior volume de trabalho e com maior ca-
pacidade para lhes pagar. Estamos a falar de
montantes de ingresso de estagiários entre os
1.800 e os 2.200 euros. O ‘drive’ destes miúdos
não é o dinheiro”, sentencia a dirigente da Or-
dem dos Advogados.
UMA OUTRA REALIDADE NO INTERIOR
Ser um jovem advogado numa sociedade de
Lisboa ou do Porto é contudo uma realidade
diversa de quem trabalhe num escritório no
interior do país. Filipe Bismark frisa que são
realidades muito diferentes, devido ao tipo de
clientes que uns e outros têm e aos problemas
que esses clientes apresentam. “Atualmente, a
advocacia tem inúmeras vertentes e especia-
lizações diferentes. Mesmo dentro da mesma
sociedade de advogados o trabalho que um
advogado faz pode nada ter a ver com o traba-
lho que o colega de secretária executa. Acredi-
to que o importante é todos terem consciência
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